sexta-feira, 1 de junho de 2012

* Ó ABRE ALAS



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Ó ABRE ALAS

Sempre gostei de Carnaval. Principalmente, os passados no interior. Em Belo Horizonte, nos velhos tempos de uma mocidade atrevida, eu não perdia um baile nos quatro dias de Momo. No PIC, o Baile das Havaianas. No Iate, do Marinheiro. No Minas, ia pelo prazer de foliar e curtir o último dia folia - era na terça-feira.
Até hoje, não tem período melhor para paquerar, arrumar paixões novas. Quase sempre fugazes e passageiras nutridas da certeza de que tudo, tudo, iria se acabar na quarta-feira. Mas, folião de sangue quente sabe aguardar pela festa de Momo do ano seguinte. Passa o resto do ano alimentando a esperança de brincar de novo com aquela moça de cabelos cacheados, o rosto enfeitado com uma máscara de Colombina e, nos lábios, um sorriso largo enquanto canta ‘vou beijar-te agora...’. Ele sabe que as músicas vão se repetir, invariavelmente, recheadas de marcinhas para quem quer dançar acompanhado.
Em Belo Horizonte, as marchas rancho. Em Recife, o frevo. Em Parintins, o boi-bumbá. No Rio, as escolas de samba. Em Salvador, o axé cantado, exaustivamente, por um monte de ‘trem-elétrico’, que arrasta foliões, beijando sem parar, durante sete dias, convidando nossa gente a não se esquecer de ser feliz. Massa humana que dança como os aborígines, escrevendo com o corpo orações aos seus deuses.
Assim caminha a humanidade, com as elizabeths taylor, rocks hudson e jaimes dean dando o tem da existência festiva. Deixe estar. Deixe estar.

* FBN© - 2013 – Ó ABRE ALAS -  Categoria: crônica. Autor: Welington Almeida Pinto. Iustr.:  https://www.youtube.com/watch?v=7eCrMNfIvfE

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