Ó ABRE ALAS
Sempre gostei de Carnaval. Principalmente, os passados no
interior. Em Belo Horizonte, nos velhos tempos de uma mocidade atrevida, eu não
perdia um baile nos quatro dias de Momo. No PIC, o Baile das Havaianas. No
Iate, do Marinheiro. No Minas, ia pelo prazer de foliar e curtir o último dia
folia - era na terça-feira.
Até hoje, não tem período melhor para paquerar, arrumar paixões
novas. Quase sempre fugazes e passageiras nutridas da certeza de que tudo, tudo, iria se acabar na quarta-feira.
Mas, folião de sangue quente sabe aguardar pela festa de Momo do ano seguinte.
Passa o resto do ano alimentando a esperança de brincar de novo com aquela moça
de cabelos cacheados, o rosto enfeitado com uma máscara de Colombina e, nos
lábios, um sorriso largo enquanto canta ‘vou
beijar-te agora...’. Ele sabe que as músicas vão se repetir,
invariavelmente, recheadas de marcinhas para quem quer dançar acompanhado.
Em Belo Horizonte, as marchas rancho. Em Recife, o frevo. Em
Parintins, o boi-bumbá. No Rio, as escolas de samba. Em Salvador, o axé
cantado, exaustivamente, por um monte de ‘trem-elétrico’, que arrasta foliões,
beijando sem parar, durante sete dias, convidando nossa gente a não se esquecer
de ser feliz. Massa humana que dança como os aborígines, escrevendo com o corpo
orações aos seus deuses.
Assim caminha a humanidade, com as elizabeths taylor, rocks hudson
e jaimes dean dando o tem da existência festiva. Deixe estar. Deixe estar.
* FBN© - 2013 – Ó ABRE ALAS - Categoria: crônica. Autor: Welington Almeida
Pinto. Iustr.: https://www.youtube.com/watch?v=7eCrMNfIvfE
Nenhum comentário:
Postar um comentário