*
Welington Almeida Pinto
Fernando Pessoa
No bar. Mathieu, depois de espetar
uma azeitona, pergunta:
- Quem mais gosta de ler, Suzana?
- Hummmm..., são tantos! Posso afirmar que Fernando Pessoa me faz muito
bem, incorpora. Faz-me refletir, viver melhor comigo mesma.
- Sério?
- Não há quem ele não acerte o espírito pela simplicidade aparentemente
fácil de seus poemas, não é mesmo?
- De fato.
- Fernando consegue manter diálogo com o nosso emocional o tempo todo.
Tudo como se cada verso fosse um organismo vivo para oferecer ao leitor lentes
diferente para viver o mundo de forma mais suave e doce.
- Incrível!...
- Como são incríveis os seus heterônimos. Cada um com identidade física
e características psicológicas próprias. Cada um com sua biografia e estilo
próprio, trabalhando a seu jeito, os substantivos, os adjetivos e os verbos
como ninguém como ninguém até hoje conseguiu.
- Genial!... Genial!... –
aplaude o rapaz.
- De um crítico português, certa vez,
li que os versos de Fernando constituem numa solitária multidão de uma só
pessoa, dando corpo ao seu extraordinário teatro de ‘eus’ com sua criação
pomposa e elegante.
- Por aí.
A mulher enternecida, conclui:
- A poesia, Math, é o silêncio que preciso para respirar. É um fascínio
que não se esgota.
- Jamais.
- Drummond é outro poeta que também
me diz muito, me fascina.
- Por quê?
- Carlos Drummond é também
infindável, concentra tudo o que nos ocorreu até hoje.
- É.
- Volta e meia tenho vontade
revisitá-lo, motivada pela universalidade de seu conhecimento da alma humana.
- Admirável!...
- Como Pessoa, ele proporciona toques delicados em nosso interior. Em
ambos é uma constante a recriação e a reinvenção, tanto do passado de cada um,
quanto do passado de sua gente. Curto muito.
- Boas escolhas, menina. Fernando Pessoa e Carlos Drummond são autores
iluminados, inesgotáveis. Com mente e visões universais, eles oferecem ao
leitor, de forma aberta, livros que mexem com a nossa imaginação. Deles a gente
lê duas, três páginas e tem no que pensar durante um mês inteiro.
- Ou mais – completa o rapaz.
Suzana dá um suspiro, enquanto sua
mão procurava a de Mathieu, sorridente e enternecida.
* Fernando António Nogueira Pessoa (Lisboa , 13 de
Junho de 1888 — Lisboa , 30 de Novembro de 1935
* FBN©
- 2013 - FERNANDO PESSOA, 13 DE JUNHO. TIM-TIM!... trecho do conto OS IMORTAIS..., de Numa Noite em 68 - Categoria:
Conto – Texto original: Português - Autor: Welington Almeida Pinto. Iustr.:
Internet - Link: http://numanoiteem68.blogspot.com/2011/01/32xxxii-o-sabor-do-texto-em-veredas.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário