sexta-feira, 1 de junho de 2012

* FERNANDO PESSOA, 13 DE JUNHO. TIM-TIM!...

 *
 
Welington Almeida Pinto 
 
Fernando Pessoa



No bar. Mathieu, depois de espetar uma azeitona, pergunta:
- Quem mais gosta de ler, Suzana?
- Hummmm..., são tantos! Posso afirmar que Fernando Pessoa me faz muito bem, incorpora. Faz-me refletir, viver melhor comigo mesma.
- Sério?
- Não há quem ele não acerte o espírito pela simplicidade aparentemente fácil de seus poemas, não é mesmo?
- De fato.
- Fernando consegue manter diálogo com o nosso emocional o tempo todo. Tudo como se cada verso fosse um organismo vivo para oferecer ao leitor lentes diferente para viver o mundo de forma mais suave e doce.
- Incrível!...
- Como são incríveis os seus heterônimos. Cada um com identidade física e características psicológicas próprias. Cada um com sua biografia e estilo próprio, trabalhando a seu jeito, os substantivos, os adjetivos e os verbos como ninguém como ninguém até hoje conseguiu.
- Genial!...  Genial!... – aplaude o rapaz.
- De um crítico português, certa vez, li que os versos de Fernando constituem numa solitária multidão de uma só pessoa, dando corpo ao seu extraordinário teatro de ‘eus’ com sua criação pomposa e elegante.
- Por aí.
A mulher enternecida, conclui:
- A poesia, Math, é o silêncio que preciso para respirar. É um fascínio que não se esgota.
- Jamais.
- Drummond é outro poeta que também me diz muito, me fascina.
- Por quê?
- Carlos Drummond é também infindável, concentra tudo o que nos ocorreu até hoje.
 - É.
- Volta e meia tenho vontade revisitá-lo, motivada pela universalidade de seu conhecimento da alma humana.
- Admirável!...
- Como Pessoa, ele proporciona toques delicados em nosso interior. Em ambos é uma constante a recriação e a reinvenção, tanto do passado de cada um, quanto do passado de sua gente. Curto muito.
- Boas escolhas, menina. Fernando Pessoa e Carlos Drummond são autores iluminados, inesgotáveis. Com mente e visões universais, eles oferecem ao leitor, de forma aberta, livros que mexem com a nossa imaginação. Deles a gente lê duas, três páginas e tem no que pensar durante um mês inteiro.
- Ou mais – completa o rapaz.
Suzana dá um suspiro, enquanto sua mão procurava a de Mathieu, sorridente e enternecida.
* Fernando António Nogueira Pessoa (Lisboa , 13 de Junho de 1888 — Lisboa , 30 de Novembro de 1935
* FBN© - 2013 - FERNANDO PESSOA, 13 DE JUNHO. TIM-TIM!... trecho do conto OS IMORTAIS...,  de Numa Noite em 68 - Categoria: Conto – Texto original: Português - Autor: Welington Almeida Pinto. Iustr.: Internet - Link: http://numanoiteem68.blogspot.com/2011/01/32xxxii-o-sabor-do-texto-em-veredas.html

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